Tarifaço de Trump: indústria calçadista cita 'danos irreversíveis' e estima perda de 8 mil empregos diretos

  • 31/07/2025
(Foto: Reprodução)
Trump adia 'Tarifaço'; a incerteza incomoda empresas e trabalhadores O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na quarta-feira (30) um decreto que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%. A cobrança passa a valer a partir do dia 6 de agosto. O setor calçadista do Rio Grande do Sul está entre os mais impactados pela medida. A indústria do estado é responsável por mais de 20% da produção nacional e, historicamente, os EUA são o principal destino internacional do calçado brasileiro. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), com sede em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana, avalia que o tarifaço "irá causar danos irreversíveis" e as "exportações para os Estados Unidos serão inviabilizadas". Temos empresas cuja produção é integralmente enviada ao mercado externo, a maior parte para os Estados Unidos. Essas empresas terão produtos muito mais caros do que os importados da China, por exemplo, que pagam uma sobretaxa de 30%. Estamos falando, neste primeiro momento, de uma perda estimada em cerca de 8 mil empregos diretos, diz. A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) projeta, entre todos os setores afetados, uma perda de R$ 1,9 bilhão na economia do RS — segundo estado brasileiro mais prejudicado pela medida, atrás apenas de São Paulo. O governador Eduardo Leite (PSD) afirmou que as empresas gaúchas podem contar com o apoio do Executivo. Uma linha de crédito especial, com R$ 100 milhões e juros subsidiados foi lançada, na tentativa de garantir capital de giro e preservar competitividade e empregos. "Estamos falando de setores que são fundamentais para a nossa economia, como proteína animal, calçados, indústria moveleira e de defesa, e que exportam boa parte da sua produção para os EUA. Por isso, estamos nos antecipando com medidas concretas de proteção", diz Leite. Atualmente, 1,1 mil indústrias gaúchas exportam para os EUA, empregando 145 mil pessoas. Entre os setores mais dependentes estão: 🔫 Armas de fogo: 86,6% das exportações vão para os EUA; 🚬 Tabaco: US$ 233 milhões exportados em 2024; 🪓 Madeira: US$ 102,8 milhões exportados, um terço do total do setor; 🪑 Móveis: US$ 4,5 milhões exportados desde o início do ano; 🌾 Arroz: EUA são o 3º maior importador do arroz beneficiado brasileiro; ⛓️ Metalurgia e metalmecânico: setores em expansão com negócios em andamento. Estados Unidos são o principal destino internacional do calçado brasileiro Mateus Bruxel/Agência RBS Suco de laranja, combustíveis e aviões nas exceções O governo norte-americano decidiu deixar quase 700 itens sem a cobrança extra. A lista de produtos que não serão sobretaxados inclui suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados tipos de metais e madeira. (Veja abaixo) Alguns dos principais produtos brasileiros conseguiram escapar da nova tarifa são: ✈️ Aeronáutico: a isenção cobre desde aeronaves completas até peças, motores, subconjuntos e até simuladores de voo. Isso é importante para empresas como Embraer e para toda a cadeia de fornecedores de componentes aeronáuticos, que exportam para montadoras e companhias aéreas americanas. A medida evita uma ruptura em contratos internacionais e protege empregos altamente qualificados no Brasil. 🚗 Automotivo: veículos de passageiros — como sedans, SUVs, minivans e vans de carga — além de caminhões leves e suas respectivas peças e componentes, também foram isentos. A decisão preserva a competitividade de montadoras brasileiras que exportam para os EUA e evita um impacto direto sobre a indústria de autopeças. 🔋 Energia e derivados: diversos produtos energéticos foram poupados da tarifa, incluindo carvão, gás natural, petróleo e derivados como querosene, óleos lubrificantes, parafina, coque de petróleo, betume, misturas betuminosas e até energia elétrica. A isenção desses itens evita distorções em um dos setores mais relevantes da balança comercial brasileira. 🌾 Agronegócio (parcialmente): alguns produtos agrícolas escaparam da sobretaxa, como suco e polpa de laranja, castanha-do-brasil, mica bruta, madeira tropical serrada ou lascada, polpa de madeira e fios de sisal. Fertilizantes amplamente utilizados na agricultura brasileira também foram isentos, o que ajuda a conter custos de produção no campo. ⚙️ Mineração e metais: produtos como silício, ferro-gusa, alumina, estanho (em diversas formas), ouro, prata, ferroníquel, ferronióbio e produtos ferrosos obtidos por redução direta de minério de ferro foram poupados. Também ficaram de fora itens semiacabados e componentes industriais de ferro, aço, alumínio e cobre. 📱Eletrônicos: smartphones, antenas, aparelhos de gravação e reprodução de som e vídeo. 📦 Outras exceções: I. Bens retornados aos EUA: Produtos enviados para reparo ou modificação e que retornam ao país. II. Bens em trânsito: Mercadorias que já estavam a caminho dos EUA antes da entrada em vigor da medida. III. Produtos de uso pessoal: Itens incluídos na bagagem de passageiros. Donativos e materiais informativos: Doações e conteúdos como livros, filmes, CDs e obras de arte. Apesar da lista de exceções, a maior parte dos produtos brasileiros será atingida pela nova tarifa. Entre os afetados estão justamente alguns dos itens mais exportados, como: ☕ Café: o Brasil exportou quase US$ 2 bilhões em café para os EUA em 2024, o equivalente a 16,7% do total embarcado. A tarifa de 50% deve comprimir as margens do setor e encarecer o produto para o consumidor americano. O Cecafé já prevê impacto direto no preço final nos EUA. 🥩 Carne bovina: os EUA são o segundo maior mercado para a carne bovina brasileira. Em 2024, foram 532 mil toneladas exportadas, com receita de US$ 1,6 bilhão. A Minerva estima que a tarifa pode reduzir em até 5% sua receita líquida. Empresas com operações nos EUA, como JBS e Marfrig, podem mitigar parte dos efeitos, mas o impacto sobre o setor como um todo é significativo. 🍍 Frutas: o setor exportou mais de 1 milhão de toneladas em 2023. A tarifa afeta diretamente 36,8 mil toneladas de manga, 18,8 mil toneladas de frutas processadas (principalmente açaí), 13,8 mil toneladas de uva e 7,6 mil toneladas de outras frutas. O aumento de custo pode comprometer a competitividade das frutas brasileiras no mercado americano. 👚 Têxteis: não houve isenção ampla para o setor. Apenas itens muito específicos, como fios de sisal para enfardamento e produtos destinados a aeronaves civis, escaparam da tarifa. A indústria têxtil brasileira, que já enfrenta forte concorrência internacional, deve ser duramente atingida. 👠 Calçados: os calçados brasileiros não foram incluídos em nenhuma exceção específica e, portanto, estão sujeitos à tarifa integral. O setor, que depende fortemente das exportações para os EUA, deve enfrentar queda nas vendas e aumento de estoques. 🪑 Móveis: apenas móveis classificados como “artigos de aeronaves civis” foram isentos. Isso inclui assentos utilizados em aviões e móveis específicos de metal ou plástico destinados a esse uso. O restante do setor será tarifado, afetando exportadores de móveis residenciais e comerciais. Infográfico - Lista de isenções ao tarifaço de Trump Arte/g1 Sobre as taxas A decisão da taxação foi tomada pelo presidente Donald Trump, que assinou uma ordem executiva e declarou uma nova emergência nacional para justificar a medida. O governo americano afirma que o Brasil adotou ações recentes que representam uma ameaça à segurança nacional, à economia e à política externa dos Estados Unidos. Por isso, decidiu aumentar em 40 pontos percentuais a tarifa que já existia, totalizando agora 50%. A ordem executiva americana também traz duras críticas ao governo brasileiro. Segundo o texto, o Brasil estaria promovendo perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, além de adotar práticas que violam direitos humanos e enfraquecem a democracia. O documento cita diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de emitir ordens secretas para obrigar empresas americanas a censurar discursos políticos, entregar dados de usuários e alterar suas políticas internas sob ameaça de sanções. Um dos casos mencionados é o de Paulo Figueiredo, que reside nos Estados Unidos e estaria sendo processado criminalmente no Brasil por declarações feitas em solo americano. Além da tarifa, o presidente Trump determinou, no último dia 18 de julho, o cancelamento dos vistos de Alexandre de Moraes, de seus aliados no STF e de seus familiares. Tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros entra em vigor em 6 de agosto REUTERS VÍDEOS: Tudo sobre o RS

FONTE: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2025/07/31/tarifaco-de-trump-industria-calcadista-rs-repercussao.ghtml


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